quinta-feira, 22 de maio de 2008

Do que resta a floresta?

São mais de cinco sóis a secarem os sertões
Vertidos de anões das lágrimas sem foz
Roubando-nos da vida
Compactuada, fratricida
E renhida nos anzóis.
São cinco os trincos, das razões de zinco
Abrindo em trilhos, moldando-nos os filhos
Aos olhos dos Caapós.
E no rito e conflito, dormitam no infinito
Sem se soltarem dos cós.
São cinco o destino, postergado de sol a pino
Dos Cariris e Pataxós.
Deitados no desatino no atino dos torós
São cinco vertentes nas barragens do Orós.
A trincarem os dentes,repelidos,renitentes
Durante, antes e após.
A deterem afluentes ,sem responso dos repentes
Sem lenço e sem lençois
(Chico berg do livro:"Diálogo do vento"/2003)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O grito do silêncio

Singro o amor
Sem remo, sem rumo
Há algo que revela
Ou esconde
Desvela onde assumo
Páira o vazio desse amor vadio
À deriva no eito
Meu grito é o silêncio
Explodindo no peito...
A insônia delira
E meu sonho vira
Tua mentira.
Ao ouvir de ti esse silêncio assim
Capaz de roubar de mim
O que nada mais espero.
E, desnundando-se em si
Sorrir ainda é o único jeito
De dizer que te quero...
(Chico berg, do livro"Poema na contramão")

Obsessão

Caminho limpo , horizonte claro
No instante declaro,
Absolvição da alegria.
O terror, o pesadelo,a repressão
Não vencem a utopia
E comungamos o dia-adia
Nessa subversão
Ao quebrar do medo de sonhar
A recriação da fantasia.
Nesse caminho limpo,
Nesse horizonte claro
Custa caro, custa a vida
E não tão raro, comparo
a virtude de amar que disparo
Em direção a plenitude
A mais cruel obsessão!...
(Chico Berg do livro "Poema na contramão")