terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Arcabouço

Lá, do lado de lá
Lá, do lado de lá...
Tem um cercado, uma cerca
Coibindo passar.
Tem um futuro sem agrura
Carne em flor que fura
E um muro proibindo sonhar.
Lá, do lado de lá
Lá, do lado de lá...
Há olho grande inseguro
Promessa de amor puro
E cárceres a tocaiar.
Lá, carne sem osso
Olhar de arcabouço
Desejo de calabouço
Colosso no fundo do poço
Silêncio, segredo sem revelar.
Lá, do lado de lá
Lá, do lado do lá...
E eu no lado de cá
Sem se iludir nem vacilar
Na espreita desse riso
A insurgir no olhar...
( Chicoberg, do livro:"Poema na contramão/2006)

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