sexta-feira, 7 de setembro de 2007

CIDADE

A cidade
É uma úlcera aberta.
E, em nós mesmos, deserta.
À êsmo, inventa porta e janela
E na maior indecência
Fia dependência urbana e mundana
Criando no seus porões
Vielas e favelas.
A cidade
Uma imundície incurável
Flagelando sonho se alastra
E se deplora castra.
Se comunica,se explica,
Se justifica e se torna inviável.
Uma imensa ferida
Onde se cria faminto em degredo
E a vida mal ouvida
Nos seus subterrâneos e segredo.
A cidade
Planta portos e aeroportos
Enterra os vivos e cultua os mortos.
Um alucinógeno
Em que as luzes criam suas ilusões
E confundem paixões.
E,com suas fechaduras
A violência perpassa
Cessa a vontade, estrupa e aliena
À revelia de quem vê, sente e passa.
Se finge de inocente, fabricando demente
E trapassa.
Feito um bonde conduzido e conduzindo
Sem saber para onde.
A cidade
Separa as pessoas com seus arranha-céus
Individualiza a náusea aflitiva
Abominando a luta coletiva.
Inventa viadutos, tergiversa indultos
Tecendo insiltos aos urbanóides.
A cidade
Corre e pare desgosto
E no rosto desumano
Nem desiste esconder o aborto cotidiano.
A cidade
É um dilema...
Afixiado, acossado me insiro nessa gema
Com meus gemidos e poemas.
( Do livro:"De palavra em palavra"/1987)

Um comentário:

breno disse...

porra pai, tu é foda!
massa demais!
tenho a sensação de vc ter se antecipado e falado oq eu penso. q agonia, isso.
abraço