terça-feira, 18 de setembro de 2007

REBELAÇÃO DO RIO

E o rio virou serpente
Espichou-se na estrada
Fingiu-se ausente
E se negou a invernada.
Esperneou-se em gritos
Correu como puma faminto
Arrastou árvores, barreira
E não foi brincadeira
Conter seu instinto.
Amante da rosa
Amante do verde
Da noite cheirosa
E de gente com sede.
Ao rebelar ira tamanha
Lágrima, lixo e vinhotos
Inundaram-se aos esgotos
Lagos e montanha.
Ao imolar mapa e fronteira
Invadiu fábricas e cidade
Fez-se maremoto sem piedade
Aterrou casa,subiu ladeira.
Feito faca amolada
Ao meio, atravessou a esfera
Cortou ponte e calçada
Engoliu gente como a besta fera!
(Do livro:"Vôo das palavras"/1998)

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