sexta-feira, 7 de setembro de 2007

ECOCÍDIO

A morte
Adentre mata
Desfigura floresta
Destrata.
A terra já não dá mais índio.
O fruto já não é seu fruto.
E entre todos se espalha a morte.
O pesar vira usufruto
E não há quem suporte.
Cada dia um tranco
Cada instante tomba um índio
Da morte homem-branco.
O homem mata a mata
Com suas serras e bomba
Mineradores invadem
Madereiros invadem
Grilheiros invadem
E a justiça um ardil que zomba.
Adianta mata correr
De uma dor que não estanco?
A mata também morre
Da morte homem- branco.
Do solo jorra a febre
E contamina, dos homens ,os olhos.
E se reparte, entre todos, a ambição
Sem ferrolhos
Num delito ambiental impune
O exterminio sem trégua.
A morte adentre imune
Corre légua...
A lógica anti-ecológica
Nos empreendimentos
Mineral,siderúrgico,viário, hidrelétrico
Traduzidos na morte
Munidos no suporte
Da ótica no sonho anti-ético.
Extrativismo, turismo têm mão predatória.
O homem na sua história
Tem olhar poluente.
A morte do indio, a mata doente
Jorram sangue e lágrima
Refratária.
Válvula de escape nas tensões
Na reforma agrária.
A morte
Adentre mata
Desfigura floresta
Destrata...
( Do livro:"Marginália viva"/1985)

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