quinta-feira, 30 de agosto de 2007

DESESPERO

Aqui jaz um poeta
Mastubando-se em plena via pública
Num desafio a todo tipo de censura.
Em vez de luz que há tanto procura
Embrenhou-se na secura e azedumes
Que a vida é uma faca de dois gumes
Entrecortada de perjura,entrelaçada nesse fio
Que se diz costumes.
Aos olhos de espanto, de arquejos e solaios
Ejacula o sacrilégio entre desdém e desmaios
Na lisura de um riso paraplégico.
E, num adunar de gozo e loucura
Um acalanto subjaz, perdido perfura
O canto não de paz, de agrura
Onde não se reata a vida sem erro ou rasura.
Aqui jaz um poeta
Que refez de pasmo em orgasmo
A mais completa conjuntura!...

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