domingo, 5 de agosto de 2007

FRATURA

Seu moço,
Faça da vida um pitrulito
Do couro do pescoço na boca do lobo
Que chupa até o osso do ofício
Difícil suor de uma vida tão pouca
Negada, tombada, como uma virada...
Ser momento, instrumento que morde a carne
Ser dente, vai em frente que o amor arde
Como fogo queima e teima no monturo.
Seu moço,
Faça fé na pesada de alerta,
De um coice de um poeta na janela
Que espeta as palavras.
Use a boca e morda sem cautela
Toda tutela da etiqueta.
Cuidado que o tempo não tem tetas
E a poesia não desaponta
De dar murro em palavra de ponta.
Seu moço,
Por que se fazer ausente
Mesmo vivendo frente a frente?
A vida é pingo renitente
Um perigo sempre presente.
A vida é a morte latente
Com a porta que nos impele para frente
Onde cada repente há surpresa.
A fratura da soberba exposta
Já mostra o que não existe
O poeta insiste, inventa e despreza
Despreza e aguenta.
O amor não se acha no que desiste
E atormenta.

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